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Após 21 anos, maior torre de SP, em bairro de luxo, às margens do rio Pinheiros, sai do papel

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  • 2 de abril de 2024

Maior empreendimento imobiliário da América Latina, Parque Global terá apartamentos de R$ 5 milhões; empreendimento, que enfrentou problemas na Justiça, terá ainda hospital, shopping, hotel e universidade

 Após uma série de entraves burocráticos e jurídicos que atrasaram o projeto em mais de duas décadas, São Paulo deve ganhar um novo “bairro” de luxo às margens da Marginal Pinheiros, na zona sul da capital.

Considerado o maior empreendimento imobiliário da América Latina, o Parque Global terá cinco torres residenciais, um shopping center, uma unidade para tratamento de câncer do Hospital Israelita Albert Einstein, uma universidade e a maior torre da cidade, com 52 andares, que abrigará um hotel e apartamentos menores.

O projeto, que ocupa um terreno de 218 mil m², é desenvolvido pela construtora Benx, do grupo Bueno Netto, em parceria com Jorge Pérez, CEO da americana Related Group, conhecido como o rei dos condomínios de Miami.

A ideia foi concebida em janeiro de 2003, quando Adalberto Bueno Netto, fundador e presidente da Benx, adquiriu um terreno próximo ao Rio Pinheiros que antes pertencia a uma concessionária de energia elétrica.

“Não posso dizer que escolhi a região. Foi uma grande oportunidade de comprar um terreno desse tamanho em uma zona bem adensada de São Paulo. Era a oportunidade de criar um bairro”, diz Netto.

Hoje, só o terreno do empreendimento é avaliado em R$ 2 bilhões.

O valor geral de vendas estimado do projeto é de R$ 14,2 bilhões.

Uma maquete milionária

 Graças ao tamanho incomum do terreno, o novo bairro planejado terá 58 mil m² em área verde.

O projeto é tão grande que só a enorme maquete do empreendimento teve um custo de R$ 4 milhões.

Desde o início, a execução do Parque Global não foi fácil nem rápida.

Netto conta que apenas a regularização do terreno para o início das obras levou cerca de dez anos.

Depois, veio um novo entrave: em 2013, o Ministério Público conseguiu embargar a obra após ter autorizado a construção.

Houve questionamentos sobre possíveis problemas para o trânsito na região.

O MP também alegou que o solo e o lençol freático estavam contaminados, inclusive com gás metano.

A área, antes, era ocupada por um depósito de material orgânico, e a decomposição poderia formar gases.

A empresa chegou a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MP, que acompanhou as investigações ambientais.

“Nos comprometemos a fazer o reaterro e a colocar detectores de aspiração de gás embaixo de qualquer construção. Em 2008, assinamos um TAC, que foi aprovado com unanimidade pelo conselho superior do MP. Prefeitura, Cetesb e todos os órgãos competentes fizeram a aprovação do terreno, fizemos audiências públicas, tudo que era necessário, e foi aprovado finalmente em 2013, quando lançamos o empreendimento. Já foi um sucesso nessa época”, diz Netto.

Embargo atrasou o empreendimento

 Mesmo com a autorização para a construção, o embargo aconteceu.

“Quando houve o embargo, chamamos os 330 compradores e pedimos dois anos de prazo, o que nos parecia tempo o suficiente para resolver a situação, mas, infelizmente, o caso evoluiu muito pouco no jurídico. Devolvemos todos os pagamentos que tínhamos recebido, que era uma grande quantia, incluindo corretagem”, diz Netto.

“Havia uma preocupação com o meio ambiente, e explicamos que a região era um destino de entulho no passado. Além disso, cruzou o nosso caminho um juiz que não era favorável ao investimento com capital estrangeiro. Sabíamos que estávamos certos e lutamos por muitos anos na Justiça, gastando muitos milhões de dólares em custas jurídicas e vencemos. Mas isso atrasou muito o projeto”, diz Pérez.

A decisão só foi revertida sete anos depois, em 2020, e o empreendimento pôde então sair do papel.

O terreno está localizado em uma área contemplada pela Operação Urbana Água Espraiada, da Prefeitura de São Paulo, que definiu uma política de adensamento para a região.

É permitido construir no local até quatro vezes a área total do terreno, mas as empresas escolheram construir apenas duas vezes e meia, evitando um adensamento maior.

Perez, da Related, conta que, além das dificuldades burocráticas e legais, o investimento imobiliário no Brasil traz consigo problemas ligados a instabilidades políticas e econômicas.

“Quando começamos a construção, há mais de dez anos, o dólar era equivalente a R$ 2,50. Hoje, esse número praticamente dobrou”, afirma.

Proposta de um ‘novo bairro’

 A proposta dos imóveis do projeto da Benx é oferecer aos moradores acesso a tudo que for necessário a uma distância de dez minutos, seja para ir ao trabalho ou buscar serviços e lazer. Basta ter dinheiro para pagar por isso.

Hoje, o preço médio do metro quadrado no projeto é avaliado em R$ 25 mil. O preço dos apartamentos de 244 metros quadrados pode ficar em torno de R$ 5 milhões, dependendo das condições do negócio.

Para a moradia, os compradores dos imóveis terão apartamentos com tamanhos de 142 a 384 m² e unidades duplex de até 597 m² nas cinco torres residenciais.

Elas têm 47 andares, e as áreas comuns incluem itens que transformam o condomínio em uma espécie de clube.

São academias de musculação, quadras de beach tennis, quadras de tênis cobertas e descobertas, piscinas privativas que podem ser fechadas para festas, áreas com churrasqueira, simulador de golfe e até uma pista de boliche. Há ainda espaços para quem precisa trabalhar de casa e um wine bar desenhado pelo escritório de arquitetura Archea Associati, que projetou a vinícola de Antinori, na Itália, localizada na Toscana.

“Nosso comprador é um empresário de classe média-alta que busca o melhor em termos de arquitetura e design. Esse é um público que viaja e já viu os projetos em Miami e Nova York. Eles gostam que tenhamos uma grande área com todo tipo de facilidade. Não vemos isso em outros projetos em São Paulo”, diz Perez, da Related.

O executivo diz já ter construído mais de 100 mil apartamentos, a maioria em Miami e em Nova York.

Região cada vez mais valorizada

A região onde fica o Parque Global passa por uma valorização nos últimos anos.

De acordo com especialistas, além de escolas e do Parque Burle Marx, o Parque Global foi um dos fatores que puxaram os preços de imóveis para cima.

Na Vila Andrade, o preço do metro quadrado foi de R$ 6.614 por metro quadrado em 2021 para R$ 7.567 em 2024, um aumento de 14,4%, de acordo com dados de fevereiro da FipeZap.

“Era uma região muito marginalizada, com trânsito e ninguém queria vir para o bairro 12 anos atrás. O Parque Global trouxe um reflexo de aquecimento de mercado para a região do Real Parque, que tinha preços de imóveis abaixo da média, sem procura. Hoje, existe uma demanda muito grande, que também afeta a Vila Andrade”, afirma Luana Simões, corretora de imóveis da Zero Onze Imóveis, que atua na região.

Redação CNPL sobre artigo de  Lucas Agrela