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A cientista brasileira Mariângela Hungria foi laureada da edição de 2025 do Prêmio Mundial de Alimentação – World Food Prize (WFP). Inclusive, a honraria é reconhecida como o “Nobel” da agricultura.
Pesquisadora da Embrapa Soja e integrante da diretoria da Academia Brasileira de Ciências, aliás, ela recebeu a homenagem por sua relevante contribuição ao desenvolvimento de insumos biológicos para a agricultura.
Primeiramente, o anúncio de sua nomeação ocorreu neste mês de maio, na sede da Fundação World Food Prize, nos Estados Unidos. De antemão, criada pelo Nobel da Paz Norman Borlaug, pai da revolução verde.
Por outro lado, a solenidade de entrega acontecerá em 23 de outubro, em Des Moines, Iowa (EUA).
Cientista brasileira
Em síntese, o prêmio reconhece anualmente as personalidades que contribuem para o aprimoramento da qualidade e da disponibilidade de alimentos no mundo.
“Estou imensamente feliz. É uma grande honra, um reconhecimento mundial. Acredito que minha principal contribuição para mitigar a fome no mundo tenha sido minha persistência de que a produção de alimentos é essencial. Entretanto, deve ser feita com sustentabilidade. Foi uma vida dedicada à busca por altos rendimentos, mas via uso de biológicos, substituindo parcial ou totalmente os fertilizantes químicos. Com essa premiação, existe ainda o reconhecimento do empenho da pesquisa brasileira rumo a uma agricultura cada vez mais sustentável. Favorecendo nossa imagem no exterior”, explica Mariângela Hungria.
Sustentabilidade
De acordo com a pesquisadora, por muitos anos, o conceito predominante era o de produzir alimentos para acabar com a fome no mundo.
No entanto, seu trabalho defende a produção de alimentos de forma sustentável.
“Hoje, percebo uma crescente demanda global por maior produção e qualidade de alimentos, mas com sustentabilidade. Reduzindo, assim, a poluição do solo e da água e diminuindo as emissões de gases de efeito estufa”, ressalta.
“Minha abordagem busca ‘produzir mais com menos’ — menos insumos, menos água, menos terra, menos esforço humano e menor impacto ambiental, sempre rumo a uma agricultura regenerativa”, completa.
Microbiologia
Inicialmente, o prêmio reconhece Mariângela por sua trajetória de mais de 40 anos dedicados ao desenvolvimento de tecnologias em microbiologia do solo.
Isto é, o que vem permitindo aos produtores rurais a obtenção de altos rendimentos com menores custos e mitigação de impactos ambientais.
Nesse sentido, a ênfase das suas pesquisas tem sido no aumento da produção e na qualidade de alimentos por meio da substituição total ou parcial de fertilizantes químicos.
Isso por microrganismos portadores de propriedades como fixação biológica de nitrogênio (FBN), síntese de fitormônios e solubilização de fosfatos e rochas potássicas.
Soja
A princípio, o uso da inoculação na soja com bactérias fixadoras de nitrogênio (Bradyrhizobium), pode ser ainda mais benéfico se associado à coinoculação com a bactéria Azospirilum brasiliense.
Somente em 2024, por exemplo, esta tecnologia propiciou uma economia estimada de 25 bilhões de dólares ao dispensar o uso de adubos nitrogenados.
Em suma, a cientista brasileira estima esse valor considerando a área de soja, a produção, o valor do fertilizante (ureia) que seria necessário para essa produção e a eficiência de uso do fertilizante nitrogenado.
Além deste benefício, Mariângela explica que essa tecnologia evitou, em 2024, a emissão de mais de 230 milhões de toneladas de CO₂ equivalentes por ano para a atmosfera. Hoje, adotam a inoculação da soja anualmente em aproximadamente 85% da área total cultivada de soja. Ou seja, cerca de 40 milhões de hectares — representando a maior taxa de adoção de inoculação do mundo.
Associado aos trabalhos com soja, a pesquisadora ainda coordena pesquisas que culminaram com o lançamento de outras tecnologias.
Por fim, gerando benefícios econômicos significativos para os agricultores e impactos ambientais positivos para o país.
Redação CNPL com informações da ASSCOM / CCCMG
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