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A política como eixo de cidadania e progresso

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O Eixo Político do VIII Congresso Nacional das Profissões Liberais contou com palestras do ex-ministro da Fazendo no governo Itamar Franco e agora candidato declarado à presidência em 2018, Ciro Gomes e Lúcio Rennó, professor da UnB e presidente da Companhia de Desenvolvimento do Planalto (CODEPLAN), órgão consultivo do Governo do Distrito Federal (GDF). As palestras tiveram a coordenação do 1º vice-presidente da CNPL, José Alberto Rossi. Também se registrou a presença do ex-ministro do Trabalho, Manoel Dias, que é companheiro de partido (PDT) do candidato Ciro Gomes.

O primeiro a se dirigir à platéia foi Lúcio Rennó, que focou sua apresentação nas eleições de 2018, tendo como base o atual cenário político, tendo como mote o título “Crise, castigo e eleição”. Ele ressaltou a imprevisibilidade de se fazer prognóstico, mas, desde já, apontou um fato que chamou de histórico: a ausência tanto do PT, quanto do PSDB no exercício da presidência, que não acontecia desde o governo Collor e a interinidade de Itamar. A recente derrota do PT nas eleições municipais, quando o partido elegeu apenas um prefeito de capital, em Rio Branco (AC), também foi citado como um elemento dificultador na elaboração de prognósticos.

“Algumas tendência deverão ser verificadas no pleito de 2018, como por exemplo, a apresentação de plataformas de campanhas com um clima de austeridades e proposições de reformas duras , até mesmo impopulares, muito por conta dos efeitos terapêuticos da operação Lava-Jato que estampou o submundo da corrupção, dando-lhe toda a transparência”, apontou Rennó.

Para o professor, a eleição presidencial de 2018 se assemelha muito com a ocorrida em 1994, quando tínhamos um presidente interino, fruto do impeachment do presidente Collor que gerou um ambiente político, conturbado, além uma crise econômica. As reformas ora em curso e apresentadas pelo governo federal tentam injetar austeridade com medidas duras e impopulares nos campos da economia, previdência e desregulamentação do mercado de trabalho, mas são duramente combatidas pelo conjunto da sociedade por não reconhecer representatividade e legitimidade por parte daqueles que as propõem.

“Fato é que, caso o governo Temer não consiga equilibrar a economia brasileira, ou não concluir seu ciclo presidencial, face aos processos na Justiça, o próximo presidente receberá uma dura missão pela frente, uma vez que os governos do PT apostaram na expansão do gasto público e na política de desonerações tributárias como motor de desenvolvimento, o que foi extremamente danoso para os resultados do PIB nacional” advertiu o professor.

Rennó ainda aponta outras mazelas perpetradas durante os governos Lula e, principalmente no de Dilma que funcionaram como uma espécie de receita para o desastre: descontrole das finanças públicas, obras sem planejamento, menosprezo à estabilidade econômica, além de uma política de taxas de juros frouxa. Essa chamada receita para o desastre, na opinião do professor, tinha como meta o aumento dos índices de popularidade e o que vemos hoje é que acabou se tornando uma armadilha.

“Presidência da República, em um país como o Brasil, não é para amadores. É para políticos que gostem de negociar, ainda mais dentro de um cenário de austeridade e que, principalmente, seja honesto”, concluiu Rennó.

Tentando entender o Brasil

Em sua apresentação, o presidenciável Ciro Gomes declinou, em primeiro lugar, sua enorme preocupação com a atual situação política e econômica do País. Em sua concepção são estarrecedores os números que apontam a existência de 14 milhões de desempregados e 9 milhões de trabalhadores jogados na informalidade.

“Na década de 80, no século passado, o Brasil ocupava a fatia de 1% de presença no cenário do comércio mundial, mesmo percentual da China. Hoje, em 2017, a China abocanhou 12,5 % desse mercado enquanto o Brasil patina nos mesmos patamares de outrora. Esses resultados bisonhos são frutos de políticas de desenvolvimento equivocadas que, desde sempre, privilegiaram optaram pelo caminho do crescimento através do endividamento externo” , afirmou Gomes.

Na opinião de Gomes, essa tomada de capitais no mercado externo traz resultados muito perversos para a economia nacional, com a questão do aumento da taxa de juros, considerada por ele obscena e inexplicável; escalada no nível inflacionário; aumento estratosférico do déficit público, com o respectivo empobrecimento da população.

“Com a queda acentuada das comodities, principal produto de exportação brasileiro, ocasionou-se um expressivo desequilíbrio na balança comercial brasileira, uma vez que somos grandes importadores de bens manufaturados com alto valor agregado em moeda forte, caso é o caso do dólar. Assim, em vias transversas, acabamos assistindo a uma dolarização da economia brasileira”, explicou.

O ex-ministro da Fazenda também criticou de forma veemente a leniência e a pouca efetividade no combate à inflação que deveria ter um tratamento em nível de política emergencial. Em sua visão todo esse processo de tolerância com práticas inflacionárias permeou a grande maioria dos governos brasileiros em cumplicidade com a banca e a plutocracia dominante.

“A inflação, no caso brasileiro nunca foi uma doença da moeda e sim um mecanismo de obtenção de lucros gigantesco através da especulação financeira, pura e simples, favorecendo o establishment político e os rentistas que orbitam de forma predatório no entorno do poder”, denunciou.

Ainda na seara econômica, Gomes apontou alguns entraves para o pleno desenvolvimento do país. O primeiro deles diz respeito ao colapso do passivo das empresas nacionais que é sempre repassado ao consumidor; colapso da condição de financiamento do setor público, situação jamais vista; a União orçou gastos em 2017, 0,4% PIB, projetando um défici primário de180 bilhões, não há a mínima previsão de crescimento; o país abriu mão da industrialização e de uma política de atuação econômica global, desestruturando o equilíbrio da dívida externa, além de condenar o Brasil a um profundo atraso tecnológico.

“Todo esse cenário é extremamente preocupante e vai impactar fortemente no cenário eleitoral de 2018, ainda mais se Lula for candidato. Nesse caso, haveria uma agudização da polarização, ou preto ou branco, onde não se discutiria um projeto de futuro para o Brasil. Isso sem falar que os desdobramentos da crise política e ética, junto com a maior transparência dos casos de corrupção tem semeado um sentimento de repugnância pela classe política por parte da população” enfatizou

Para Ciro, urge que os que pensam a política nacional imponham uma agenda de debates voltados para a solução dos grandes problemas e a falta de investimento público redirecionado para um processo urgente de um novo processo de industrialização em consonância com as novas práticas econômicas e tecnológicas.

Finalizando, Ciro Gomes não se furtou a comentar sobre a pertinência e a necessidade de tamanha urgência e falta de interlocução com a sociedade imprimida pelo atual governo.

“É inconcebível que o atual governo, afundado em uma crise de representatividade sem precedentes, face à transitoriedade, aliada com padrões éticos e morais inadequados por parte de sua base política, se arvore a propor reformas que impactam profundamente na vida da população. Minha sugestão é que na ausência de credibilidade da classe política. Convoquemos o povo, via consulta plebiscitária para que possamos legitimar as reformas necessárias e repudiar àquelas que nos prejudicam a todos”, concluiu Ciro Gomes.