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A demanda eletroenergética da agricultura irrigada no Brasil deve crescer 42,9% entre 2022 e 2040, passando dos atuais 3,5 para 5 gigawatts, segundo estudo inédito da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgado no dia,10/6.
O levantamento, elaborado em parceria com a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), mapeia as deficiências atuais de infraestrutura elétrica e projeta o que será necessário para sustentar o avanço da irrigação nas próximas duas décadas.
“Os resultados obtidos não apenas oferecem uma visão clara da situação eletroenergética atual da irrigação no Brasil, mas também servirão como ferramentas valiosas para a análise das futuras expansões”, destaca o relatório.
Lançado durante o 3º Workshop “Setor Agropecuário na Gestão da Água”, em Brasília (DF), o documento se baseia em dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Agência Nacional de Águas (ANA), utilizando metodologia georreferenciada e dados de campo de mais de seis mil pivôs de irrigação em todo o país.
Na abertura do evento, o presidente da CNA, João Martins, afirmou que o país tem capacidade para triplicar a área irrigada, que atualmente é de cerca de 9,2 milhões de hectares, segundo dados da Embrapa.
“Nós precisamos viabilizar esse crescimento, fundamentar bem, para a gente crescer com o pé no chão”.
Infraestrutura limitada e baixa qualidade
O estudo identificou gargalos em todas as regiões com forte presença de agricultura irrigada, como déficit de energia, baixa qualidade de fornecimento e cobertura insuficiente das redes de média tensão.
Entre os indicadores avaliados, o Índice de Adensamento Rural (IAR) e a Energia Não Suprida (ENS) revelam que “a energia que chega ao campo ainda é deficitária e não atende a contento as áreas irrigadas”.
De acordo com a análise, falta de luz elétrica adequada compromete diretamente o funcionamento dos sistemas de irrigação.
“O não suprimento de energia significa falta de água nas lavouras, tempo que os equipamentos de irrigação não puderam funcionar por falta de energia, portanto, afeta diretamente a produção agrícola”.
Projeções e desafios até 2040
Foto divulgação Embrapa
Para garantir o atendimento à demanda futura, será necessário um crescimento anual da infraestrutura elétrica entre 5% e 29% ao ano, dependendo da região.
O estudo classifica como tecnicamente inviáveis as taxas superiores a 13% ao ano em alguns estados, como São Paulo e Minas Gerais.
“Recomenda-se concentrar esforços em áreas com maior viabilidade técnica e retorno socioeconômico”, sugere o documento.
Em regiões como o Norte do país, no entanto, o desafio é ainda maior: “aponta-se uma necessidade de crescimento da rede elétrica acima de 20% ao ano para alguns estados”, informa o levantamento.
Nos 16 polos de agricultura irrigada analisados, a demanda elétrica total poderá chegar a cinco gigawatts em 2040, frente aos 989 megawatts atualmente disponíveis.
Isso significa um déficit de 2,5 GW, reforçando a urgência de investimentos públicos e privados em infraestrutura elétrica rural.
Políticas públicas e estratégias setoriais
Segundo o documento, nenhuma política energética vigente foi desenhada especificamente para atender as áreas irrigadas, o que representa um vácuo no planejamento setorial.
“Essa demanda evidencia a importância do desenvolvimento de políticas públicas, tanto no setor da irrigação quanto na área de planejamento e expansão elétrica”, alerta o texto.
Entre as sugestões, estão ajustes nos Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica e aprimoramentos na Política Nacional de Irrigação, para incorporar critérios técnicos e territoriais mais adequados à realidade do campo.
Redação CNPL com informações do Agro Estadão
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