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Os fundos de private equity e venture capital foram responsáveis pela injeção de R$ 280 bilhões na economia brasileira nos últimos dez anos, por meio de compras de participações em companhias em fase de crescimento ou nascentes ou mesmo as já de maior porte.
Apesar dos investimentos somarem bilhões, o setor representa apenas 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, número ainda pequeno em comparação com países avançados, onde a contribuição desta indústria na atividade econômica é maior, superando 2% do PIB nos casos dos Estados Unidos e do Reino Unido.
A presidente da ABVCap, associação que reúne as gestoras destes fundos, Priscila Rodrigues, afirma que os private equities cresceram no Brasil nos últimos anos, ficaram mais sofisticados e especializados.
Já a baixa participação no PIB mostra que o potencial de expansão ainda é grande, com um farto leque de oportunidades de boas alocações, como aconteceu recentemente com o agronegócio. Mas para isso, a economia brasileira precisa crescer mais.
Os números acima serão apresentados esta semana no congresso anual da ABVCap, que vai mostrar como o setor evoluiu nos últimos 25 anos.
Rodrigues conta que o setor também ganhou no Brasil classes de investidores que não existiam há alguns anos, como os family offices, que cuidam do patrimônio das famílias, gestoras de fortunas, fundações de previdência e até pessoas físicas no varejo.
Investidor estrangeiro se afastou do País
Mas entre os investidores estrangeiros, que deram o pontapé nesta indústria no Brasil há 25 anos, a situação é oposta.
Hoje, eles têm cheques muito grandes e que muitas vezes não se encaixam nas alocações disponíveis no País.
Segundo a presidente da ABVCap, o volume de recursos que migrou para estes fundos no exterior, também chamados de alternativos, quintuplicou em 10 anos, exigindo dos gestores foco em alocações maiores. Por isso, o volume estrangeiro alocado no Brasil tem caído.
“Os grandes fundos internacionais concentram suas alocações em países que têm cheques maiores. Mercados locais, como a América Latina, onde os cheques estão mais próximos de US$ 200 a US$ 500 milhões, acabam não tendo grande atenção”, diz.
Entretanto, Rodrigues destaca que o Brasil não passa despercebido e tem atraído aportes de venture capital (voltado a empresas menores) em setores como tecnologia, segurança, meio financeiro e inteligência artificial.
Muitos fundos, como CVC e Bain Capital, acabam fazendo alguns aportes aqui direto de suas matrizes no exterior, diz ela.
Na ponta dos desafios e entraves, os principais são o próprio crescimento limitado do PIB brasileiro e as dificuldades de saída dos investimentos: o Brasil está prestes a completar quatro anos sem aberturas de capital na B3. Segundo ela, o ciclo de investimento dos fundos no Brasil pode chegar a até 10 anos, em contrapartida a ciclos de até cinco anos no exterior.
“Por ser um ciclo mais longo, o investidor aloca um montante menor, apesar de termos oportunidades, gestores qualificados e um ambiente regulatório de referência”, afirma Rodrigues.
Volatilidade do câmbio também é entrave
O câmbio é outro gargalo para o estrangeiro. A histórica alta variação do câmbio brasileiro frustrou expectativa de retorno de muitos fundos estrangeiros em dólar e também justifica o afastamento dos fundos globais, de acordo com Rodrigues.
E quanto mais tempo demora para saírem das empresas que compraram, mais expostos ficam à volatilidade do câmbio.
Por outro lado, os estrangeiros também lidam com outros desafios que estão espalhados em todo o mundo.
Nos últimos três anos, por exemplo, as novas captações diminuíram e a reciclagem dos investimentos feitos, com o mercado de capitais mais fechado e a expectativa de juros mexendo com o valor de mercado das companhias, dificultou as vendas de empresas.
Por isso, tem crescido no Brasil e no exterior, o negócio de fundos comprando a participação de outros fundos em empresas, dependendo do caso, com deságio.
Redação CNPL sobre artigo de Cynthia Decloedt (Broadcast) e Altamiro Silva Junior (Broadcast)
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